O mistério de Maria
O P. José Kentenich, fundador de um dos movimentos mais importantes para a renovação da Igreja, distingue no mistério da pessoa de Maria duas dimensões, uma teológica, na sua maternidade divina, Teotókos, proclamada como Dogma de fé em 431 pelo Concílio de Éfeso, e outra antropológica, na Imaculada Conceição, cuja importância ele vê acentuada na modernidade a partir da definição dogmática do Papa Pio IX, a 8 de dezembro de 1854. Com efeito, no mistério da Imaculada Deus nos revela que, após o pecado das origens, permanece intacto o seu plano sobre o homem, por Ele criado à sua imagem e semelhança (cf. Gn 1,26). Por isso o P. Kentenich, ao contemplar no mistério da Imaculada a plenitude do mistério do homem, não se cansa de proclamar: “Faça-se em nós a pequena Maria! Faça-se em nós a pequena Imaculada”!
Ao longo de dois mil anos a Igreja foi tomando cada vez mais consciência do mistério de Maria, bem presente na piedade popular, mas sempre em dependência do mistério de Cristo.
É através do P. Kentenich, que a partir da Aliança de Amor selada a 18 de outubro de 1914 no Santuário Original, em Schoenstatt, começa a ser reconhecida a importância antropológica de Maria de uma forma concreta: A Teotókos,Mãe de Deus, é Mãe da Mãe Igreja, da qual Cristo é Cabeça. Deste modo se compreende que a vida da Igreja precisa de girar em torno aos dois polos: Cristo, a Cabeça do Corpo Místico, e Maria, o Coração da Igreja, nossa Mãe e Educadora.
A 22 de Dezembro de 1965, na Audiência com Paulo VI, o P. Kentenich, ao oferecer ao Papa um cálix, diz que é uma oferta para a Igreja “Mater Ecclesiae”. Nesse momento, ao pedido de explicação do Papa, o P. Kentenich responde: Sim, este cálix é para a Igreja dedicada à “Mater Matris Ecclesiae”, em resposta ao reiterado apelo de Paulo VI na aula conciliar e por ocasião do encerramento do Concílio Vaticano II, proclamando Maria “Mater Ecclesiae”.
Ao salientar Maria Mãe da Mãe Igreja, o P. Kentenich revela o mistério de Schoenstatt, com efeito a Teotókos, a Mãe de Deus, desde o Santuário de Schoenstatt chega a ser Mater Matris Ecclesiae, e por isso a Mãe e Educadora de cada um dos membros do Corpo Místico de Cristo.
Em Maria encontra-se a solução para todas as heresias, não só as teológicas, que se referem à fé do homem em Deus, mas também as antropológicas, que atingem particularmente o homem de hoje. Daí a grande urgência no cultivo da Aliança de Amor com Maria, que, passando pela Carta-Branca e Inscriptio, ajuda o homem a alcançar a harmonia na sua tríplice relação com Deus, consigo mesmo, com os outros e com as criaturas, conduzindo à concretização de uma autêntica Ecologia!
Pela Aliança de Amor com Maria, a Teotókos, o homem é movido ao cultivo das faculdades de inteligência, vontade e afeto com que o Criador o dotou: Quanto mais intensa for a nossa união com Maria, tanto mais harmoniosa chegará a ser a nova criatura recriada em nós pelo Baptismo. Em Aliança de Amor com Maria o homem pode mais facilmente chegar a ser um Homem Novo em Cristo, instrumento na edificação da Nova Comunidade, desde há 2000 anos animada pelo Espírito Santo na manhã de Pentecostes, em Jerusalém (Cf. Act 2, 1-4).
Pe. MRA